Reprogramming Your Habits

To keep doing what you love, you need to maintain your own systems, not just the ones you write code for. Regular exercise and proper nutrition help you learn, remember, concentrate, and be creative--skills critical to doing your job well. Learn how to change your work habits, master exercises that make working at a computer mo

Smartphone

独家优惠奖金 100% 高达 1 BTC + 180 免费旋转




Casa brasileira

[recuperando mais um texto antigo, de 02/07/16. Foto: thaís leandro]

Passei o dia numa sexta-feira que não findava e chegando a locais sem entender bem como — porque apenas tinha que chegar — e o desnorteamento agravou a tontura que eu sentia há semanas. A alguns dias eu estaria em Recife e me pareceu muito simbólico ter chegado na Faria Lima e não lembrar direito como eu havia chegado ali. Mas a questão é que eu estava ali: às 10h, sendo apresentada à redação de um site com outras pessoas, evento que me fez revisitar meus entendimentos de jornalismo, literatura, narrativas e suas simbioses (às vezes eu esqueço).

Passo algum tempo disfarçando a exaustão e o tensionamento que eu estava tendo com conversas sobre uma série de coisas que me eram desconhecidas (e agora não mais): andar de meia-calça todos os dias e perder muito dinheiro. Parecia que eu havia entendido a dinâmica de competitividade que tanto falam de São Paulo na pele quando perdi entre multidões dois celulares — é preciso roubar do outro quando seu tempo é capitalizado: pode ser seu papo, seus belos ideais ou seu celular.

Não sei como aconteceu, mas meu corpinho tinha que se deslocar de algumas maneiras. Então minha boca e ouvido me auxiliaram a caminhar por Recife, desfragmentação tectônica do litoral brasileiro, pela Faria Lima e pelo apartamento na Duque de Caxias, onde eu não conseguia lembrar como tirei minhas lentes de contato e pus o óculos para, então, realizar que estava terrivelmente atrasada para chegar à Faria Lima, às 10h.

Quando todas essas caminhadas se deram, lembro-me que estou ainda na sexta-feira, na latência de conversas que tive com um amigo sobre drogas, corpo e o que fazemos com a indefectível (e limitada em algum momento da conta) capacidades de escolha. Eu dizia ao meu amigo que cafeína e cocaína deveriam ser minhas drogas preferidas (uma delas é) porque geralmente eu não sentia o meu corpo pulsante e ativo e, a partir delas, eu conseguiria não fazer algo pela metade. Ele me alertava à falta de ciência que eu tinha do meu corpo.

Pus-me a pensar na minha contradição de ter um corpo absolutamente fraco, que não se exercita, não se conhece e não entende suas dores. Em resumo: um bom corpo para o tempo capitalizado, mas paralelamente eu resistia em fazer parte completamente desse simulacro de realidade. Eu amanhecia, nesta sexta-feira que não terminava, percebendo que eu havia me tornado Bartebly, o escrivão.

Segui cantando baixinho “Da maior importância” enquanto pensava que organizar os passos seja na Faria Lima, na Bela Vista com meu amigo, no Recife ou nas placas tectônicas era só uma questão de acreditar que deve haver uma transa qualquer pra você. E pra mim. Entre nós. Assim como existe disco voador e o escuro do futuro estava na resistência da sampa midnight; mais especificamente nos corpos em resistência de qualquer metrópole que às vezes não se amam, mas se perseguem. Essas regiões com gente demais têm disso: não são elas que vão lhe dizer que fique, mas é bom ter pique para se abrir a encontros por aí. E essa era a pista que eu (às vezes) seguia para organizar meu tempo.

Depois de ser obrigada a tomar um chá e pedir um salmão cru sem cream cheese (por causa do enjoo), meu corpo descansa sentado na praça do Museu da Casa Brasileira. Pouco tempo antes, depois de todo esse raciocínio, eu havia concluído que talvez não soubesse (não sei se isto vem a se aprender) o que significava para meu corpinho ter 24 anos e o que seria preciso fazer diante de suas dores.

No banco ao meu lado, descansava um homem na faixa de seus 80 anos com a mirada em um ponto fixo como se também tivesse chegado dessa mesma sexta-feira em looping que eu estava a tal ponto que os domingos se ampliaram sem que nós notássemos. A diferença entre mim e ele são várias sextas-feiras a mais, talvez mais bem dormidas que as minhas. Isso não saberei, pois não trocamos uma palavra; restou a nós de tempo compartilhado tão somente nossas solidões.

Quando ele se vai, percebo igualmente solitária uma criança por volta de seus três anos fascinada como seu corpo reage à gravidade de 9,8 m/s² e tão diferente e sutilmente a texturas diferentes, como o chão de pedrinhas ou diante de folhas secas caídas das árvores. Ela não tinha ideia de que havia sextas-feiras que eram boas e outras ruins. Na verdade, ela sequer foi apresentada à sexta-feira, então ela lida como pode com aquele pôr-do-sol entre árvores, com as pedras e com a bandinha que tocava Beatles ao lado. A diferença entre mim e ela é que talvez as sextas, e nenhum dia, e a semana sequer, não fossem da maior importância. Dividíamos naquele momento um problema de linguagem. Às vezes a corporalidade do tempo nos aparece tão fragilizada que a impressão (compartilhada entre mim, o rapaz de 80 anos e a criança de três) que fica é que o caminho é que anda por nós, enquanto brotam lugares e encontros por todos os poros.

Add a comment

Related posts:

My ReachOut Journey

I volunteer as a mentor for ReachOut. This is a charity which works with children in schools in disadvantaged areas of cities to help them for a number of reasons including “low academic attainment…

Day 221

Odd thing. Coming to the realization that one doesn’t have to have physically given birth to children to have that primal instinct to protect them come alive.

GOD AND ICE CREAM CONES

Close your eyes and think in concrete images about a cone of your favorite icecream flavor. What flavor are you visualizing? The answers vary from pistachio nut to raspberry ripple. We have little…